Dr. Agnaldo Lopes - Ginecologista Oncológico

O câncer ginecológico compreende os cânceres de colo uterino, endométrio, ovário, vulva e vagina. A abordagem dessas neoplasias pode ser complexa, compreendendo ações preventivas, diagnósticas e terapêuticas e existem ações e procedimentos de alta complexidade que demandam conhecimentos e treinamentos específico.

Apesar do câncer de colo uterino ser uma neoplasia passível de prevenção e rastreamento, ainda apresenta altas taxas de incidência e mortalidade no Brasil e no mundo. O rastreamento por um método eficaz e de qualidade (teste DNA-HPV e/ou Papanicolau), o tratamento das lesões pré-invasoras e a vacinação contra o HPV são estratégias que já se mostraram eficazes para mudar o impacto do câncer de colo uterino em todo o mundo.

Cerca de 90% das pacientes diagnosticadas com câncer de endométrio tem sangramento vaginal, como sangramento entre as menstruações ou após a menopausa. Constituem fatores de risco para neoplasia o aumento dos níveis de estrogênio (causado pela obesidade, diabetes e dieta com alto teor de gordura), menarca precoce, nuliparidade, menopausa tardia, síndrome de Lynch, idade avançada e uso do tamoxifeno. O tratamento pode incluir a cirurgia, radioterapia e/ou quimioterapia.

Não existem exames de rastreamento para câncer de ovário, por isso é o tipo de mais difícil detecção, com 75% dos casos descobertos já em estágio avançado. Os tratamentos dependem da fase em que a doença é descoberta, sendo utilizada cirurgia e/ou quimioterapia. A cirurgia tem um papel extremamente importante para o diagnóstico, estadiamento e retirada das lesões (cirurgia citorredutora). O tratamento cirúrgico adequado está associado a um melhor prognóstico das pacientes.

A endometriose é uma doença ginecológica, inflamatória, crônica e evolutiva que acomete cerca de 10% das mulheres em idade reprodutiva (13 a 45 anos). Os principais sintomas são dor pélvica, menstruação excessiva, dificuldades para engravidar e, principalmente, cólicas menstruais com altos níveis de dor. Dependendo do tipo de endometriose podem ocorrer dor durante as relacoes, sintomas intestinais e urinários.

O diagnóstico é baseado em sintomas clínicos com o auxílio de exames de imagem em centros especializados, como a ultrassonografia transvaginal com preparo e a ressonância magnética. O tratamento da endometriose inclui medicamentos, cirurgia e em algumas situações pode ser necessário técnicas para reprodução assistida. As cirurgias minimamente invasivas (videolaparoscópica ou robótica) permitem o diagnostico, avaliação da extensão da doença e a retirada das lesões. É sempre importante uma abordagem em centros especializados e uma equipe multiprofissional incluindo, ginecologista, coloproctologista, urologista, fisioterapia, nutricionista entre outros.

Videolaparoscopia e histeroscopia:

A videolaparoscopia é uma técnica que realiza procedimentos com o auxílio de uma câmera ligada a uma ótica que é introduzida através da parede abdominal e os órgãos são manipulados por pinças utilizadas pelo cirurgião. Para criar o espaço necessário às manobras cirúrgicas e adequada visualização das vísceras abdominais a cavidade peritoneal é insuflada com gás carbônico. Esta técnica tem a vantagem de ser minimamente invasiva e ocasionar, assim, um menor trauma cirúrgico, menos sangramento intraoperatório, menor dor pós-operatória, recuperação pós-cirúrgica mais rápida e retorno mais cedo às atividades habituais e ao trabalho, além de menores cicatrizes.

A histeroscopia é um procedimento que consiste na introdução de um instrumento (histeroscópio) com uma câmara na extremidade para que seja possível visualizar a cavidade uterina. Permite o diagnóstico de patologias uterinas além de possibilitar intervenções cirúrgicas, como a remover pólipos uterinos, miomas submucosos, corrigir alterações da cavidade do útero, remover aderências do útero e retirar o DIU quando este não possui fios visíveis.

Histerectomia:

Histerectomia é uma operação que consiste na retirada do útero. Pode ser acompanhada da retirada dos ovários e trompas (histerectomia total com anexectomia bilateral). Pode também ser realizada no tratamento de mulheres com câncer do colo uterino (histerectomia radical). Pode ser realizada por via abdominal (realizada por meio de um corte no abdômen), vaginal (operação através da vagina) ou por via videolaparoscópica/robótica, onde a cirurgia é realizada por meio de pequenos orifícios de 5 a 10 mm no abdômen e a retirada do útero pode ser feita pela vagina.

Miomectomia:

A miomectomia consiste na retirada cirúrgica dos miomas uterinos com preservação do útero. A indicação e de procedimento cirúrgico depende da localização dos miomas, do seu número, do seu tamanho e dos sintomas associados. Pode ser realizada por laparotomia (cirurgia realizada através de um corte no abdômen), laparoscopia, robótica e histeroscopia.

A cirurgia robótica é considerada um grande avanço da cirurgia minimamente invasiva, sendo realizada por meio de pequenas, exatamente como acontece em procedimentos realizados por meio de laparoscopia. Pode beneficiar pacientes na diminuição da dor e do desconforto no pós-operatório, na diminuição de perdas sanguíneas durante o procedimento, no menor tempo de permanência no hospital e ainda oferece a oportunidade de retorno mais rápido às suas atividades diárias.

Além disso o robô normalmente permite uma melhor precisão, manipulação e uma magnificação dos movimentos tridimensionalmente, melhorando a ergonomia. A cirurgia robótica é uma grande aliada nos procedimentos cirúrgicos mais complexos e em locais de difícil acesso. Vale ressaltar que o robô não faz nada sozinho. Qualquer movimento realizado por ele é determinado pelo cirurgião no console.